Em "O Banqueiro Anarquista", Pessoa une o lirismo à análise política ao contar a história de um banqueiro, que explica a seu amigo porque, mesmo considerando seu emprego, é um anarquista. A história segue no formato dos diálogos socráticos, onde o personagem secundário apenas faz perguntas e o principal explica suas perspectivas da forma mais racional possível.
Num conto de sublime ironia , escreve Fernando Pessoa em nome do banqueiro anarquista: "Procurei ver qual era a primeira das ficções sociais A mais importante, da nossa época pelo menos, é o dinheiro Como podia eu tornar-me superior à força do dinheiro? Como subjugar o dinheiro, combatendo-o? Como furtar-me à sua influência e tirania, não evitando o seu encontro? O processo era só um adquiri-lo em quantidade bastante para não lhe sentir a influência; e em quanto mais quantidade o adquirisse, tanto mais livre eu estaria dessa influência".
Trata-se de uma obra extraordinária, que choca pelo seu carácter vincadamente universal, pois este é um diálogo que poderiam manter duas personagens em qualquer parte do mundo (sobretudo ocidental).