Sobre os Benefícios (De Beneficiis), uma das obras do período final da vida de Sêneca, diz respeito à concessão e recepção de presentes e favores dentro da sociedade, e examina a natureza complexa e o papel da gratidão no contexto da ética estoica. A obra é dividida em sete livros subdivididos em várias seções, contendo exortações que o filósofo faz ao seu amigo Aebutius Liberalis.
Trata-se de um ensaio sobre a gratidão. Sêneca explica porque considera a troca de benefícios como o principal vínculo da sociedade humana e receita preceitos e responde perguntas como: O que devemos em troca de um benefício recebido Que tipos de benefícios devem ser concedidos, e de que maneira De quem se deve receber um benefício? A ingratidão deveria ser punida por lei? Um escravo pode conceder um benefício? Um filho pode conceder um benefício a seu pai? Como escolher o homem a ser beneficiado Como se deve tolerar os ingratos.
Sêneca usa das situações cotidianas e hábitos comuns dos romanos para levar a cabo alguns aspectos da filosofia estoica o que torna a leitura duplamente interessante: não só pela filosofia mas também porque permite que conheçamos a cultura e sociedade do império Romano. A ética de Séneca é sempre pura, e dele obtemos a visão das doutrinas dos filósofos gregos, Zenão, Epicuro, Crisipo e outros, cujos preceitos e sistema de pensamento filosófico tinham na sociedade romana culta ocupado o lugar da velha adoração dos deuses Júpiter e Quirino.
Embora De Beneficiis seja tipicamente traduzido como Sobre os Benefícios, a palavra Beneficiis é derivada da palavra latina beneficium, que significa um favor, benefício, serviço ou bondade. Na idade média foi traduzido com Virtuosa Benfeitoria pelo Infante D. Pedro 1° Duque de Coimbra. Outras traduções do título para a língua inglesa incluem: Sobre presentes e serviços; Sobre a concessão e recepção de favores; Sobre favores; e Sobre obras de caridade.
A primeira frase da obra diz: Entre as numerosas falhas daqueles que passam suas vidas imprudentemente e sem a devida reflexão, meu bom amigo Liberalis, devo dizer que dificilmente alguém é tão prejudicial à sociedade, quanto aquele que não sabe como dar ou como receber um benefício. (I,1)
Sêneca, assim como Cícero, segue uma linhagem terapêutica, pois enxerga a filosofia como um remédio para a alma. Isso se comprova pelo fato de Sêneca ter escrito suas obras em latim quando, no século I, a língua da filosofia era o grego;