Homem, macho, masculino, virilidade, hombridade, posição masculina. Do gênero à atuação, tudo parece ensaiar um momento de crise: melancolia, histeria, ressentimento, o modelo de pai demolidor, a paternidade. As mudanças em curso nas relações entre os gêneros se apresentam como um dos fatores decisivos para a criação desta passagem histórica. As mulheres estão na vida pública como nunca estiveram em outro momento e assumem papéis que pareciam sacralizados e eternizados como masculinos. Os laços familiares e sexuais se transformaram. A queda de fecundidade é vertiginosa, assim como é decrescente o interesse pela concepção, pelas relações estáveis, suportadas por um modelo de família nuclear com atuações específicas e demarcadas para homens e para mulheres. Estão, inevitavelmente, desfiadas as expectativas e possibilidades de controle sobre os outros, condições que caracterizaram, historicamente, a masculinidade. Os homens, hoje, diante deste conjunto, têm experimentado mal-estar e desorientação. Se veem em lugares psíquicos e sociais que pareciam destinados às mulheres. Também avaliam o compartilhamento de expectativas definidas como da natureza do homem, exemplo, a responsabilidade sobre o nome da família e a ordem social. Toda essa movimentação abriu oportunidades para os homens refletirem e viverem, sincera e criticamente, as mudanças. E experimentarem, não sem receio, a construção de papéis em que reconheçam, e valorizem, a diversidade, a despeito dos mitos dominantes que caracterizam a masculinidade. Em Zômis em torno dos masculinos, André Resende traz a público um conjunto de ideias e reflexões, a partir de temas e interesses da psicanálise, que traça percursos, proximidades e desafios à condição masculina, em um estilo acessível e agradável. Trazer a condição masculina à cena e oferecer uma leitura inteligente e atualizada, representaram, aqui, a oportunidade de mostrar a psicanálise em um fecundo momento de expressão e equilíbrio, aberta ao diálogo, próxima dos inúmeros debates em curso.