"A pequena Emma" pode ser a história mais horripilante, e a mais provocantemente alusiva de Géza Csáth, com execuções conduzidas por crianças enfeitiçadas pelo espetáculo mórbido da submissão à violência e ao choro dos condenados. Szladek, o novo professor usava uma palmatória... era emocionante.... a turma assistia aos castigos... ficava de pé, para não perder nada da visão...". A sensação de arrebatamento e a adrenalina das crianças em "A Pequena Emma", as suas erupções voláteis de amargura e inveja, e o fervor e confiança com que amam e discutem, a emoção saudável com que odeiam e o quão frivolamente as levam a brincar ao Juiz e ao Carrasco. A surpresa não é que tenham construído uma forca e executado uma pequena rapariguinha. A surpresa é que tenham libertado um tumulto que destruiu por completo o seu mundo.
Géza Csáth (1887-1919), publicou pequenas histórias, críticas musicais importantes, estudos sobre evolução e dramas. A sua dependência do ópio começou em 1910, quando lhe foi erroneamente diagnosticada tuberculose. Os seus Diários relatam a sua luta contra a toxicodependência. Trabalhou em várias estâncias termais e até que a morfina o destruiu completamente, continuou a publicar em jornais e revistas. Casou com Olga Jónás, que matou em 1919 num ataque de paranoia, devido ao consumo de drogas. Foi internado num hospital do qual escapou e tentou regressar à Hungria, atravessando a linha de demarcação. Quando foi preso, bebeu o veneno que transportava consigo. Os contos de Géza Csáth são obras estruturadas de forma rigorosa e "objetiva": o psiquiatra-escritor penetra nas profundezas da alma adolescente com uma precisão semelhante à do cirurgião, revelando os impulsos cruéis e desenfreados misturados com o encanto natural da adolescência, as consequências imprevisíveis do "mapeamento" do mundo adulto (Matricído, A Pequena Emma).