Em outubro de 1884, o autor de "Alice no país das maravilhas", convidado por um amigo o editor e tradutor William H. Draper , proferiu uma palestra em Derbyshire, zona rural da Inglaterra. O texto preparado para o evento uma plateia de poucos moradores da região diante de um autor tímido e tenso foi entregue pelo próprio Lewis Carroll a Draper, que resolveu publicá-lo em 1907.
Tratava-se de um ensaio bem-humorado em que ele traçava um paralelo entre os hábitos alimentares e a leitura a "alimentação do cérebro" em si, por assim dizer. Ao pensarmos nos livros, deveríamos levar em conta o tipo, a quantidade, a variedade e a frequência:
"Desde cedo, aprendemos o que vai ou não cair bem no corpo, e não é nada difícil recusar um tentador pedaço de pudim ou torta, que está associado em nossa memória a uma terrível indigestão (...), mas são necessárias muitas lições para ficarmos convencidos de como são indigestas algumas de nossas leituras favoritas, e mais uma vez acabaremos jantando um romance insalubre (...) na verdade, um pesadelo mental."
É um ensaio que vem a calhar, principalmente numa época em que temos "indigestões" diárias com a torrente de informações despejadas na internet. Como lembra Carroll, não raro esquecemos de refletir sobre o que lemos, "preferindo o despejo contínuo de novos alimentos na pilha de coisas não digeridas, deixando a infeliz mente completamente atolada".