Em 1962 cumpri uma comissão militar de dois anos como médico em Angola; dez meses em Luanda, dois na Muxima e um ano na Casa da Telha (Ambrizete). De lá ia escrevendo para casa; minha mãe guardou-as e encontrei-as no seu espólio. Isto me permitiu reconstituir esta crónica que aqui deixo, aqui e ali retocada, para os filhos e netos lerem. Os factos que vivi e os que outros me relataram estão descritos com então os interpretei. (hcmota@ci.uc.pt) Assim, não. O terrorismo em Angola começou em 15 de Março de 1961 e a nossa viagem de curso a 25; em Itália íamos confirmando as terríveis notícias da chacina. Eu, como a grande maioria, considerávamos que urgia ir "Para Angola, rapidamente e em força!" como Salazar comandaria em 13 de Abril de 1961, no dia do regresso da nossa viagem. Por muito que o regime nos desagradasse e por muito que o regime colonial nos indignasse o que acontecera era intolerável; assim, não. Naquele tempo havia muitos vizinhos e parentes em Angola o que mais justificava a opção. As dúvidas que então ainda tinha foram removidas pelos meus furriéis, angolanos negros, na Muxima. Que será feito deles?