Existiu um movimento concelhio peninsular, não no sentido de política administrativa ou de organização do território impulsionada de cima por monarcas e senhores mas no de forças sociais e políticas organizadas de baixo e por fim vitoriosas? Estaria a resposta nos forais, esses «livros de linhagens» da liberdade popular? A quem a iniciativa destes monumentos jurídicos? À aristocracia senhorial? Visariam os forais fins exclusivamente económicos, fiscais e administrativos, na intenção expressa de povoar e defender o território, ou resultariam, tácita ou abertamente, desse movimento que irrompe de baixo? Isto é, o movimento concelhio impôs-se ou não com o impacto e as armas de uma verdadeira revolução? Não é o que inculcam as transformações sociais que se escondem por trás do formulário jurídico? Mas acaso os concelhos teriam alcançado a força de órgãos do poder político? Constituiriam verdadeiras comunas? O que se entende por comuna? De que classe ou classes serão então estas comunas ou concelhos o instrumento? Mas haveria mesmo classes sociais ou apenas ordens? Constituiriam comunas todos os concelhos? Que acontecimentos são marcados pela mesma força? Por exemplo, que relações tem o movimento concelhio com os episódios da Reconquista? Que esclarecem eles sobre o povoar e o ermar?