Dizem que para todas as perguntas há uma resposta. Vim a acreditar, verdadeiramente, que as perguntas são as respostas. Mas há, de facto, perguntas que tornam difícil a tarefa de descobrir a resposta. PORQUÊ EU?, é uma delas. Nos últimos anos de vida da minha mãe, que partiu demasiado nova devido a complicações geradas pela doença de Parkinson, para a ajudar a passar os seus últimos dias, redigi alguns versos para que ela os ilustrasse conforme a sua própria interpretação pessoal. Ela perguntava-se muitas vezes: PORQUÊ EU? Disse-o em voz alta talvez umas duas. No entanto, eu via essa pergunta nos seus olhos o número de vezes que não contei. A minha mãe sempre nutriu um gosto pelo desenho e pintura, tendo exposto, ao longo da sua vida, alguns dos seus trabalhos em diversas exposições e galerias. Na tentativa de fazer renascer nela o gosto pela vida que estava a escorregar entre os seus dedos, encetei numa busca de reactivar o seu prazer pela arte, na esperança (na esperança...) que a sua essência viesse à superfície e isso a ajudasse a encontrar aquela alegria, enquanto caminhava para o final da sua jornada terrena, ou pelo menos era isso que eu pensava. Na antiga civilização Maia existia uma expressão que era utilizada sempre que alguém de um grupo ou ente familiar estava prestes a morrer. Antes de ser dado o último suspiro, diziam: Tem uma boa viagem!