A Economia Social e as suas Manifestações

Esta é uma breve colectânea de textos, sobre as questões da Economia Social, onde se pretende reflectir sobre as coberturas sociais amplas e abrangentes trazidas pelo Estado de Bem-Estar, alcançando tudo e todos, como lema de intervenção para a erradicação da pobreza. Mas também de se lançar mão, a novos e velhos mecanismos de intervenção social, que tendo por base as dinâmicas sociais nas comunidades, procura resolver as contradições sociais.

Não se pense, no entanto, que as propostas criadas pelas comunidades pretendem ser apenas uma resposta onde a capilaridade é tão fina que o Estado de Bem-Estar não chega, algumas serão certamente escaláveis e constituir-se-ão como boas práticas para ambas intervenções, revestindo-se por isso de um enorme potencial, para dar resposta aos problemas sociais.

Assim esta coletânea de textos, é um roteiro sobre as questões de ordem social e económica, que preocupam a Economia Social e Solidária. Neste roteiro aqui proposto vamos debater as questões da(s) desigualdade(s) e as formas que estão ao dispor de uma sociedade, para fazer inflectir as diferenças sociais entre os seus concidadãos, entenda-se a pobreza e exclusão social, de modo a colocar as assimetrias sociais em valores que promovam a dignidade dos indivíduos, através da acção sobre esses mesmos factores, destacando-se a Educação, a Saúde e a Segurança Social.

Não deixaremos de olhar, para o Estado de Bem-Estar, para o seu passado, a sua consolidação no presente e os riscos e ameaças que se configuram num futuro próximo, em particular no nosso país.

A sociedade de Bem-estar é por muitos considerada como "uma realização histórica", assente na perspectiva de solidariedade intergeracional. Contudo as recentes alterações demográficas que se fazem sentir desde os anos 90, marcam Portugal com um profundo envelhecimento da população e uma baixa taxa de natalidade, podendo colocá-lo em causa, para gerações vindouras.

Um outro tema que aqui trazemos, é a abordagem dos trajetos da Economia Social e agora também Solidária, temos por objectivo, realizar uma breve apresentação, daquilo que é um laço social, provavelmente dos mais duradoiros da história humana e que se agiganta em momentos de crise e contrariedade social e económica.

Propõe-se uma caminhada, pelo desenvolvimento da Economia Social e mais tarde Solidária, mas também pelas suas diversas dimensões e materializações, que acontecem em diferentes contextos comunitários, geográficos, históricos, económicos e sociais, sendo que os contextos políticos, não são indiferentes à estruturação dos diversos processos de construção da Economia Social e Solidária, que se quer pluricêntrica, como defende o Professor Roque Amaro.

É precisamente, sobre uma das materializações da Economia Social e Solidária, que nos iremos debruçar num dos textos deste livro, mais em concreto sobre Associações da Economia Social e Solidária no Apoio à Saúde.

Baseado num trabalho exploratório, de caracterização de associações da Economia Social e Solidária no Apoio à Saúde, damos conta de um trabalho de campo em que as dimensões a auscultar, exigem a consulta destas instituições e que são uma forma de resposta solidária a uma necessidade humana, colectivamente organizada tendo por base a afinidade entre as pessoas, essa sim a sua verdadeira missão e o seu amago.

Não é mais que um primeiro pontapé de saída, sobre a problemática dos movimentos associativos em torno das respostas de saúde que os indivíduos portadores de doença e ou deficiência se confrontam, ficando por isso aqui também, a sensação de tarefa inacabada que se constitui necessariamente como um futuro desafio para a investigação social.

Numa outra forma de materialização da Economia Social e Solidária, não poderíamos deixar de olhar para as moedas sociais, não numa relação de mercado, mas sim numa lógica de desenvolvimento social, local e regional, onde se estabelecem interações que geram

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