"As suas coisas vinham a ser uma casula talhada de Séculos e debruada com papel cor de canário; um frontal de altar feito de Comércios do Porto com ilhós e recortes tesoirados pela mão da tia; quatro monos de barro que figuravam de santos; uma Virgenzinha de loiça azul com uma das mãos partida e o nariz do Menino já sem esmalte; um Magnum Lexicon que era eterno por não ter começo nem fim e que, a despeito da falta de folhas, constituía para o Zeca o mais sumptuoso e venerando dos missais; um cálice de loiça preta, de Paranhos; e, ao de cima, para isenção de danificantes contactos, dentro duma chapeleira velha, e entre camadas de algodão em rama, várias alfaias de altar-mor: escadório, custódia, castiçais, pequeninas jarras, sacrário, tudo de chumbo pintalgado, e presente que um advogado lhe trouxera da feira da Agonia, em Viana."