Nesse momento o lago transformou-se repentinamente num rio com sede de mar, levou-me numa canoa que me salvou do questionador, mas eu quero saber mais, não ser salvo, porventura encontro-me no paraíso e são negadas todas as memórias de vidas antigas.
A canoa tinha força de 7000 pássaros, velejava a 70 nós, ultrapassando o sabor do vento, percorria um rio novo, amanteigado, que fazia escorrer todos os peixes para ao pé de mim, a canoa tornou-se insuportavelmente pesada e enterrou-se mesmo na foz do rio.
As águas do rio cantavam a primeira cúpula com o mar, e eu ouvi todas as suas músicas submersas, eram melodias inaudíveis para o ouvido do homem, os meus sentidos resumidos à pedra sumiram as proibições de um escutar faminto
E eu submerso rezava os meus pecados até que emergi numa praia cheia de escarpas. Rochas largas e pontiagudas atravessavam o meu respirar último
Mas não morri
Sobrevivi à custa da água santa
Que me engasgou a morte
E expeli para fora
O que gritava apenas
Um submundo veio então e procriei-me em pedra santa, junto com os peixes novos da maré.