Valeu a pena conhece-lo.Não e porque ele terminou sua missão e foi embora deste mundo, em junho de 1990, que interrompemos nossa amizade. Somos amigos leais desde a segunda metade da década de 50, quando trabalhamos juntos na imprensa da oposição.Waldomiro Santos foi um româtico, definitivamente comprometido com os fracos, por isso esteve sempre por baixo na politica. Amava as coisas simples e desprezadas, o que fez com que a fortuna, a vida inteira, em represália, lhe virasse as costas. Andou por todos os retos e tortuosos caminhos da imprensa goiana durante mais de três décadas, legando aos pósteros muitas licões de trabalho, talento, coragem e, sobretudo, de amor aos fracos, injustiçados e á liberdade.Boêmio livre das noites, apaixonado pelo ceu estrelado e a esperança que renascia em cada alvorada, compunha poemas reveis e morreu do coração, alias, a única maneira como poderia ter morrido. Seu coracão era muito maior do que o próprio peito, batendo pelos espoliados e aflitos, numa sensibilidade refletida em tudo que escrevia.Eram os arduos tempos da ditadura, de asas negras abertas sobre o jornalista, na caça ás bruxas que lhe tomou o emprego na Universidade Federal de Goias, onde dirigira o jornal Quarto Poder, so recuperado com a Constituicão de 1988.A historia real daquele regime de exceção, Waldomiro Santos contou com a experiência propria, em vibrantes versos sem rima:''Mas eles vieram sugar a minha alma, queriam sepulta-la no bojo das asas côncavas, como a múmia de Ramses II,no fundo escuro da pirâmide, e hoje, definitivamente, eu não quero, eu não posso, eu não devo morrer.".Jornalista Jávier Godinho.Goiânia, janeiro de 2010.