O tanque de Betesda

Esse é um dos textos mais difíceis das Escrituras. Sendo um dos mais belos e misteriosos.

Nele o mistério da vida se faz presente de modo deslumbrante. Ele é mágico, tão mágico quanto os domínios do celestial, tão abrangente quanto a compreensão do significado da vida e da morte. Nele se abrem as portas para o invisível cuja essência habitou a imaginação dos povos e o sonho das crianças. As crianças percebem o mundo espiritual de um modo singular, elas são inundadas de impressões, medos, percepções que não conseguem compreender, nem elas e nem seus pais. Porque no desenvolvimento de nossa psique somos muito mal apresentados ao mundo espiritual que nos cerca, que nos toca, que nos influencia. A mentalidade moderna abraçou a negação dos fatos espirituais, ouvindo a voz de xamãs falidos, que cerraram as portas de todo sentimento ou percepção que não conseguem compreender, muito menos controlar. No tanque de Betesda o mundo dos espíritos se encontra. Em Betesda o triste mundo demoníaco, o sublime mundo angelical e a esfera espiritual mais elevada de todas, a presença santa e única, poderosa e transcendente da pessoa divina, estarão reunidas num mural, num quadro assombroso e assombrador.

É IMPRESCINDIVEL que o homem pergunte diante deste tanque de águas correntes, esse manancial hídrico incomum, cercado de pedras, colunas e escadas de construção centenária, o que estava acontecendo.

As Escrituras não mentem, não se enganam sobre fatos espirituais. Principalmente nas cenas onde o Autor da vida estará presente. Nessa cena inusitada, transcendente e louca, nos é REVELADO algo que nunca teríamos sabido se não fosse pelo testemunho de João:

4 Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.

Embora fosse de crença corrente, tido como fato por dezenas ou mesmo centenas de anos, é a única vez nas Escrituras que algo tão fantástico nos será apresentado. Um lugar na terra, que ao menos na época de Jesus, era visitado por um espírito ministrador, por um anjo. Um lugar num mundo em agonia, num mundo de enfermidades, pobreza, exploração humana, visitado permanentemente por um anjo. Era comum na antiguidade a existência de lugares que eram enxergados como visitados por divindades ou por demônios, locais sagrados ou amaldiçoados, onde criam que ali se manifestavam poderes divinos ou a presença de fantasmas de toda a sorte. Na maior parte o que eram conhecidos eram lugares malditos, amaldiçoados pela morte de inocentes, pela destruição de vidas e pelo derramamento de sangue, onde os antigos viam terras manchadas pela maldade humana que se tornariam permanentemente habitadas por espíritos de vingança, por espíritos de mortos inconformados com seu destino que trariam para os que transitassem sobre o que restou de seus ossos o infortúnio, a má-sorte, a enfermidade, a desgraça e até a morte. Porém alguns lagos ou rios do mundo antigo eram vistos como locais onde habitavam "divindades benevolentes" que poderiam "abençoar" ou conceder boa-sorte, longevidade e até saúde aos que iam até tais locais com prêmios, oferendas, atos de reverencia ou culto. Mil anos depois dessas cenas espíritos de rios ainda seriam reverenciados com altares em diversos locais da Europa, incluindo Portugal.

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