O presente livro é negro, no sentido da profundidade tenebrosa do tema que envolve as conspirações políticas, as disputas religiosas e militares. O oculto existe, nos fatos deslindados nesta obra, porque, sobre as lutas intestinas entre Igreja, Maçonaria e Estado, a grande maioria do povo caminha nas trevas da ignorância, na escuridão do espírito.
O livro é negro porque, embora os principais protagonistas dos fatos relatados nesta obra maçons intitulem a si próprios como portadores da Luz, o período em que se desenvolvem as narrativas, por vezes, é encoberta por densas névoas.
No período que vai da Cabanagem à Questão Religiosa o que se viveu, no Brasil, foi uma noite tenebrosa da História. Durante esta idade das trevas do povo paraense, a partir de um contexto nacional, as facções político-religiosas lutavam entre si, no subterrâneo tosco do segredo, não obstante o aspecto de que portavam o brilho interior. Na verdade os grupos se digladiavam, de forma subterrânea, pelo poder político externo, objetivando o domínio das massas e a supremacia político-social da nação. A população, atônita, era vítima dos efeitos dessa batalha oculta, sempre surpreendida pelas mudanças de rumos mediante as caudais tempestades de acontecimentos.