Depois do contacto com a poesia de Carlos de Oliveira e ainda que o seu nome origine reações díspares -, facilmente deixa de ser alheio que vários espíritos se deixem sensibilizar gratuitamente pela força dos seus versos. O porquê da incursão que nos apraz realizar sobre a poesia deste autor[1] afigura-se-nos ingrato de explicar, como se não fosse imensamente ingrato justificar através duma racionalização de efeito matematizante a opção que nos parece ter nascido da sinuosidade irreverente e indomável do gosto, ou daquilo a que, de forma quase arrogante, ousamos chamar de sensibilidade! Não que nos consideremos depositários do gosto ou da sensibilidade estética, mas porque nos interrogamos se será possível alguém observar, sentir e ler um poema de que não gosta ou reflectir sobre um verso que não lhe sabe a nada! Não foi o nosso caso!
Na verdade, se Carlos de Oliveira e os seus versos não exercessem uma forte influência sobre nós, não o continuaríamos a ler, daríamos a despedida e embarcaríamos nos versos de outro poeta.
[1] A presente análise da poesia de Carlos de Oliveira tem como base a utilização da seguinte edição da sua arte poética: OLIVEIRA, Carlos de, Trabalho Poético, Lisboa, Sá da Costa, 2.ª ed., 1982.