Este livro é resultado de leituras, pesquisa e reflexão realizadas ao longo de oito anos paralelamente ao trabalho como jornalista em jornais, agências internacionais de notícias ou assessorias de imprensa.A primeira parte deste trabalho relata os contatos pioneiros entre dois países vizinhos e as dificuldades que encontravam seus agentes diplomáticos durante a primeira metade do século XIX para ir de uma capital a outra. As viagens entre La Paz e o Rio de Janeiro, a antiga capital, era uma aventura cheia de riscos que podia levar de seis meses a um ano, ao tempo em que se estabeleceram as primeiras representações diplomáticas. Como outros países sul-americanos, o Brasil e a Bolívia encararam a tarefa de definir seus limites fronteiriços como parte do processo de formação de suas identidades nacionais.O conflito do Acre é o tema da segunda parte e atravessa uma sucessão de fatos ao longo de quatro anos que determinaram o momento de maior distanciamento entre bolivianos e brasileiros. A conjuntura internacional marcada pelo colonialismo e a ascensão de Estados Unidos como potência mundial são o pano de fundo desse período em que o próprio presidente da República, o vice-presidente e o Ministro da Defesa da Bolívia foram protagonistas em batalhas contra seringueiros brasileiros em uma disputa pelo território do Acre.Este livro tem a intenção de tornar compreensível e legível por outra óptica os acertos e erros dos Estados, seus interesses velados, suas contradições expostas, enfim, o modo como as narrativas históricas e os discursos políticos são construídos a partir de conjunturas e contingências.