Talvez seja comum no ser humano, num modo consumista e habituado a prazeres imediatos, procurar respostas instantâneas. E, possivelmente, é normal em alguém com estas características, ficar-se irritado e frustrado quando não se obtêm respostas desta forma. Mas existem questões onde o espírito, vocacionado para propósitos materialistas e egoístas, jamais irá obter resposta. Isto, porque não se obtém o que se quer apenas porque se quer. O verdadeiro conhecimento apenas é revelado a quem está preparado para o ver. E tal situação poderá levar bastante tempo até, particularmente, o desvendar de uma solução - o necessário para se compreender.
Estive mais de doze anos da minha vida a pesquisar sobre as dificuldades de aprendizagem, mas comecei a sonhar com uma solução para esta problemática bem cedo, quando apenas com 6 anos, ao vislumbrar o sistema escolar pela primeira vez e sentir as pressões deste na minha identidade. Postulei a hipótese de um dia poder descobrir o derradeiro segredo que permitiria decifrar todas as codificações sociais e aprender, literalmente, tudo o que possa ser desejado.
Aos dezasseis anos, ainda aluno, comecei a questionar-me sobre este problema, no meio de uma sociedade insensível a tais fenómenos. Enquanto aluno estigmatizado como mal sucedido, devido ao meu insucesso escolar constante, questionava os meus colegas sobre os seus métodos de estudo e nenhum parecia me saber responder. Afirmavam: "eu simplesmente leio". Mesmo depois de atingir o nível universitário continuei a ouvir este género de resposta de imensa gente.
Tal realidade deixava-me indignado. Como será possível que bons alunos não saibam explicar como estudam? Que credibilidade existe relativamente ao modo como aprendem? Você confiaria num médico que não sabe explicar como aprendeu de forma a poder desempenhar a sua profissão? Conseguiria confiar num psiquiatra ou psicólogo na mesma situação? Trata-se de uma realidade que muita gente parece recusar encarar. No entanto, poderíamos afirmar que, indivíduos com tal percurso, apresentam um nível de ignorância semelhante ao de quaisquer outros, ainda que operem melhor no âmbito de uma lógica irracional e insensata, eminente na sociedade das últimas décadas. São o produto mais fiel dos erros da humanidade e, em simultâneo, os escolhidos por esta para representar e propagar suas ilusões e falhas.
Não seria de todo uma falácia pensar-se que os líderes sociais, os representantes dos ideais humanos no mundo, os sujeitos com maior estatuto na humanidade, são, com grande probabilidade, as pessoas com maior grau de dificuldades de aprendizagem, e os mais visíveis modelos das consequências da adaptação a sistemas educacionais e sociais antinaturais.