Infelizmente, há poucas informações e poucos profissionais capacitados a lidar com o TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo). Percorri um longo caminho com o meu filho até encontrar acolhimento e tratamento.
Nesse processo de busca por ajuda, escutei poucas e boas, ou melhor, "muitas e más".
Ouvi de alguns pediatras que era uma "fase" e que, quando ele fosse para a escola aprenderia a comer; outros ainda sugeriram que a culpa era minha, que o meu filho era mimado e mal-educado e que não comia para chamar a minha atenção. Sem contar as inúmeras vezes que profissionais me orientaram a deixar o meu filho passar fome.
Escutei de algumas pessoas que, se ele tivesse nascido na África, comeria o que tivesse no prato, e que se ele fosse pobre não teria frescura com a comida.
Vivemos, em uma sociedade na qual ainda há por parte de muitos um enorme estigma e um julgamento excessivo quando falamos sobre algo que não é muito compreendido. Uma sociedade em que há pessoas que crucificam mães, pais e cuidadores, sem piedade nem compaixão, sem medir palavras nem olhares, sem nem sequer tentar entender o que está acontecendo.
E é exatamente para quebrar esse tabu e preconceito pelo desconhecido que nos reunimos para escrever este livro: uma médica e duas nutricionistas, todas de um brilhantismo profissional ímpar, apresentando-lhes o conhecimento técnico (com uma linguagem adaptada e acessível), e uma mãe, que mostra o outro lado, o da experiência de quem convive diariamente com um filho com dificuldades alimentares.