A trajetória poética de um dos nomes mais fascinantes da década de 1970.
Toda vida reúne a obra de Angela Melim, poeta que se tornou uma das vozes mais instigantes da efervescente cena contracultural brasileira. Seu livro de estreia O vidro o nome, de 1974 impressionou pela dicção singular: os versos observam atentamente a vida lá fora ao mesmo tempo que perscrutam os movimentos internos, como se os arredores se fundissem ao sujeito, sem fazer distinção entre indivíduo e paisagem.
Marcada pela sensualidade e pela curiosidade, a escrita de Melim é atenta às frutas na cozinha, às conversas entreouvidas nas ruas, aos letreiros luminosos e, sobretudo, às histórias íntimas das pessoas ora ácidas, ora trágicas, mas nunca banais, frias ou tediosas.
As imagens surgem com alta voltagem poética, sem medo da entrega, da confissão ao pé do ouvido e do erotismo: "Missão, míssil em voo reto ouso/ partir ao meio o ar./ A guerra começou tem tempo/ o coração/ combate alucinado/ no ritmo mortal da sua beleza sempre nova/ se arroja/ na sua coragem".
A edição inclui ainda uma seção de poemas inéditos e fortuna crítica com textos de Armando Freitas Filho, Ana Cristina Cesar, Ivan Junqueira, Flora Sussekind e Leonardo Fróes.
"Desde 1974 que venho lendo Angela à medida que seus livros aparecem. E entre um poema e outro, aprendi a ouvir uma prosa de voz íntima". Ana Cristina Cesar
"O verso de Angela Melim fere sempre as mais recônditas entranhas da vida, fazendo-o com uma parcimônia de meios e uma singeleza de ideias de que somente os grandes artistas são capazes." Ivan Junqueira